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Talentos da Fronteira - Cris Mara e Juliana

 

Cris Mara e Juliana, a dupla sertaneja formada por uma professora, Cris Mara, de 35 anos, e uma tecladista de 29 anos, Juliana, fala sobre os desafios da carreira, o primeiro CD da dupla, curiosidades da vida pessoal de Cris Mara e Juliana e os planos para o futuro. A dupla, que reside em Foz do Iguaçu há mais de 30 anos, começou em 1990, ouvindo e interpretando canções de Vieira e Vieirinha, primos da avó da dupla. O primeiro CD das iguaçuenses traz belas canções sertanejas, que já estão sendo muito tocadas nas rádios de Foz e região. Entre as músicas mais pedidas e acessadas no you tube estão: “Casinha Velha”, “Tiro no Olhar”, e “Manhã de Sol”.                                   
- Fale um pouco sobre a história da dupla:
- A dupla começou com nosso pai tocando violão e cantando com a Cris Mara, que viu que eu estava também cantando. É incrível, eu fazia a segunda voz automaticamente, como se já cantássemos há muito tempo. A partir dai formou-se a dupla, que no inicio chamava-se Irmãs Santos. De lá pra cá fomos participando de um festival aqui, um showzinho ali, uma apresentação de TV aqui. Em seguida aconteceram muitas coisas. A dupla se separou, ficamos mais ou menos 10 anos separadas. A Cris Mara começou a freqüentar os evangélicos e gravou seu CD de musica gospel, e eu, Juliana, tocando teclado e cantando. Depois também fui para a igreja evangélica, onde nos achamos de novo. Depois de um tempo resolvemos formar a dupla novamente. Então veio a oportunidade de gravação. O Campina, nosso produtor, se encarregou de montar o repertório, e logo começamos a gravar a parte instrumental, em São Paulo, e finalizamos em São Miguel do Iguaçu, cidade Natal da Cris Mara.
- Antes de se dedicarem a musica o que vocês faziam?
- Eu trabalhei em algumas empresas aqui em Foz, e a Cris Mara foi professora, e mais tarde passou a trabalhar no S.O.S criança, e agora está trabalhando no CREAS, e se preparando para deixar o trabalho secular e se dedicar somente à música.
- Em quem vocês se espelharam no início da carreira?
- A nossa maior inspiração foi Chitãozinho e Xororó, que no início estavam no auge da carreira com muito sucesso, como Fio de Cabelo, e outras lindíssimas canções. Realmente eles são ótimos. Somos fãs demais deles.
- Quais as músicas que não podem faltar no show de vocês?
- Existe uma infinidade de canções bastante cogitadas, mas é incrível como o público vibra quando começamos tocar a viola e entoamos as canções intituladas hoje de modão, como Saudade da Minha Terra, Boate Azul, Mala Amarela, e as nossas canções: Casinha Velha, Tiro no Olhar e Manhã de Sol. O público vai à loucura.

- Como é pensado o repertorio do show de vocês?
- Fazemos uma seleção de sertanejo universitário, tudo que está rolando por ai, que é sucesso, mesclando com as nossas canções e umas modas caipiras. Passamos pelo sertanejo romântico até chegarmos nas interpretações internacionais como “Shania Twain” “Shakira” e “Madonna”, novidades que estão tomando forma nos shows de cantores de renome como Alexandre Pires, Chitãozinho e Xororó, Guilherme e Santiago. Acho muito legal isso, a música sertaneja ocupando seu espaço no cenário internacional, que antes era preconceituado. Hoje todos curtem ser sertanejo. Hoje não é mais um privilégio só dos caipiras.  
- Como está sendo a aceitação de vocês pelo publico?
- Bem, acreditamos que as pessoas estão gostando do nosso trabalho, pois foi feito com muito cuidado e dedicação. Até hoje só recebemos elogios. E quando vierem as criticas a teremos como degraus para melhorar ainda mais o nosso trabalho, nossa carreira, pois é através das criticas que vem o aperfeiçoamento. Entendemos que a critica faz parte da vida de qualquer pessoa que busca o sucesso.
- Qual a avaliação que vocês fazem da trajetória da dupla? Quais foram os maiores obstáculos superados?
- Para chegar até aqui não foi fácil. Houve um tempo em que nós cantávamos muito e a Cris Mara perdeu a voz por três meses, ficou afônica. Lembro-me que ela chorava muito, achava que não iria mais cantar. Fora isso, o preconceito por ser dupla feminina, coisa que enfrentamos até hoje. Prega-se muito a imagem e se esquecesse o talento, e se não se tem uma posição financeira boa também é difícil. Estamos perseguindo o sonho de sermos conhecidas em todo o Brasil. Todo o artista que ama o que faz quer seu trabalho reconhecido. O maior obstáculo é ser reconhecido dentro da sua própria cidade. Lembro-me de uma entrevista da “Joelma da Banda Calipso” onde ela disse que foi preciso o reconhecimento pelo público brasileiro para depois voltarem para a cidade natal já consagrados. Mas não temos medo de obstáculos. Procuramos transformá-los em degraus para a nossa vitória.
- O que vocês fazem para inovar no sentido de não ser só mais uma dupla sertaneja?

- Bom, já somos diferentes por sermos mulheres. Não é comum ver mulheres fazendo sucesso na música sertaneja. Lembro-me de ver entre as poucas que conheci As Marcianas, Irmãs Freitas e Irmãs Galvão, e depois somente cantoras solo. Nosso repertorio não é extremamente feminino, tem canções que podem ser cantadas por dupla masculina, como Manhã de Sol, Senhor dos Senhores, Na Balada, entre outras. Na interpretação também procuramos diferenciar um pouco da voz feminina a ponto de algumas pessoas que ouvem o CD achar que são dois rapazes que estão cantando. Escolhemos também um repertório com ritmos variados a fim de agradar todos os públicos.
- Um fato pitoresco e engraçado que aconteceu na carreira de Cris Mara e Juliana?
- Quando ainda éramos as Irmãs Santos fomos cantar numa festa que estava acontecendo na cidade de Foz do Iguaçu, e lembro-me que tinha uma banda tocando, e nós nunca tínhamos pegado em um microfone, e de acordo com a regulagem do som o microfone fica bom para a primeira ou segunda voz. O técnico de som perguntou para Cris Mara se ela queria o microfone um ou o dois, para saber quem fazia a primeira ou a segunda voz, e ela respondeu: “nós vamos querer os dois, porque  vamos cantar em duas”. Foi muito engraçado! Acho que nunca vamos esquecer disso.
- Quais os planos para o futuro da dupla?
- Estamos buscando parcerias a fim de conseguir fazer oficialmente o lançamento do nosso CD, o álbum “Se Liga”. No mês de agosto queremos ia para São Paulo com a finalidade de realizar um grande lançamento e a divulgação do nosso trabalho por lá. Pretendemos ainda divulgar a nossa música no Estado do Paraná, conseguir concluir uma agenda de shows, e claro, o sonho de todo o artista; o reconhecimento nacional. Mas para tudo isso necessitamos do público e de um empresário que se interesse pelo nosso trabalho.
- O que significa cantar para vocês?
- Tudo! Quando estamos tristes cantamos para alegrar. Quando estamos alegres cantamos para festejar. Quando estamos em festa cantamos para farrear. É bom demais cantar.

Por Nelson Locatelli

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